terça-feira, 4 de novembro de 2008

Segredos da madrugada



Ele saiu do laboratório acabado não sabia se teria seis meses ou dez anos o fato era que do instante em que envelope foi aberto em diante o tempo corria contra ele mais do que nunca. Uma decisão foi tomada instantaneamente logo após ler o resultado não tomaria coquetéis para prolongar a vida.
Ele não sabia se contava aos seus pais afinal eles não podiam mudar nada somente iram culpar um ao outro. Os amigos ficariam com pena e pelas suas costas diriam que foi burrice, descuido e coisas do tipo. Ele tinha um problema contar ou não as ex - namoradas e as garotas com quem teve uma relação amorosa casual. Decidiu que não. Afinal a vida estava sendo cruel com ele, não havia por que ser bonzinho com os outros. Ele não fazia planos desde que soube do resultado apenas bebia e se lamentava da falta de sorte.
Uma noite antes dormir ele imaginou qual garota teria passado o vírus pra ele poderia ser qualquer uma. Quantas ele teria infectado há quanto tempo estava doente. Essas perguntas não seriam respondidas. Ele seguia com seu segredo. Ele era jovem vinte anos, fez o exame pra doar sangue foi sua primeira doação. O tempo foi passando o choque inicial passou ele vivia como antes vez ou outra tinha uma recaída e entrava em total depressão. Levava uma vida normal dois anos haviam passado e o segredo ainda fazia parte de sua vida. Ele iniciou a faculdade suas crises de depressão eram controladas por calmantes. Ele deixou sua herança maldita pra algumas jovens nesse período. Ele era extremamente irresponsável pensava que já ele iria morrer que mal havia em levar companhia para o inferno, afinal ele tinha certeza que o céu não era seu destino. Algum tempo depois ele começou a namorar uma garota a principio ele também queria levá-la como companhia para o inferno o tempo foi passando ele se apegou à garota ficou completamente apaixonado, mas provavelmente já era tarde.
Ele não podia chegar para a namorada dizendo: amor faz um exame de sangue é que eu me esqueci de avisar que eu tenho AIDS. Alguns meses depois eles terminaram e ele continuou com seu segredo. Uma tarde ele está em casa e escuta um comentário que uma garota havia morrido pelo nome ele a conhecia era amigos tiveram uma relação, haviam ficado algumas vezes, mas nunca chegaram a namorar. Ele quis saber do que a moça havia morrido aqui no interior acaba-se sabendo de tudo sobre a vida dos outros principalmente quando alguém morre. A mãe dizia que era câncer, o padrasto que era ataque cardíaco de repente chega sua irmã do colégio vocês estão sabendo a Ana aquela moreninha do olho verde morreu de AIDS. Enquanto todos discutiam sobre a possível vida errante da pobre moça. Ele foi para o seu quarto e chorou, chorou muito, afinal Ana havia estudado com ele a vida toda, tinham fumado junto o primeiro baseado aos treze anos. Eram amigos de infância. Ele chorou por horas. À noite ele não conseguiu dormir ficava pensado se ele havia passado o vírus pra Ana ou Ana pra ele. Nisso ele se lembrou de sua ex-namorada a tal que ele amou será que ela estava com o vírus. Será que também morreria primeiro que ele. O dia amanheceu e ele não dormiu pensava em Ana, na ex, entretanto que ele mais pensava era nos pais de Ana que nunca viram a amizade dos dois com bons olhos. A noite chegou ele, mas uma vez não conseguia dormir. Ficou a noite toda pensando se torturando será que os pais de Ana teriam razão?
O dia estava novamente amanhecendo ele pensando e um pensamento não saia de sua cabeça se Ana tivesse escutado os pais ele não a teria matado. Ficou o dia todo sem comer sua cabeça doía por causa das noites sem dormir. O dia nunca lhe havia parecido tão longo Ana foi enterrada essa tarde. Ele não foi. Quando chegou à noite ele estava destruído ninguém havia notado sua palidez. Quando se deitou finalmente dormiu, dormiu mal e sonhou com a Ana e com a ex.
Ele acordou assustado ás duas da manha e não dormiu mais. Em sua cabeça ele era um assassino e pronto. Os dias passavam e ele não conseguia parar de pensar em Ana, ele amava ela era sua amiga e a ex ele também a amava. Alguns dias depois sua mãe bateu na porta do quarto para chamá-lo pra almoçar era quase 13h e ele não havia se levantado. Ela abriu a porta se aproximou do filho que parecia um anjo por alguns instantes ela pensou em deixá-lo dormindo, mas ela iria trabalhar e ficou com medo que ele acordasse muito tarde para faculdade e acabasse indo sem comer nada. Ela chamou, sacudiu e nada. Ao perceber que o filho estava morto ela abraçou filho e ficou abraçada a ele. O marido a chamou para trabalhar ela nem ouviu. Seu marido estava no carro já havia buzinado como ela não o respondeu ele voltou para dentro da casa. Ele entrou e veio falando pelo corredor ‘’vamos estamos atrasados ‘’ como ela não o respondeu ele entrou no quarto e viu sua esposa imóvel abraçada ao filho à única coisa móvel nela eram as lágrimas que corriam pelos cantos dos olhos. Ele entrou a abraçou e viu o vidro de calmantes aberto e vazio sobre o criado mudo. Assim como o criado todos ficaram mudos à mãe com sua dor, o marido sentindo-se incapaz de dizer o quer que fosse, e o filho morto. Essa história não é ficção é que às vezes no silencio da noite as almas do inferno me fazem de confidente. (em memória de Ana).

03/02/08
22h56

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